junho 28, 2023 7 min ler
A gestação é um período onde ocorrem diversas alterações fisiológicas no corpo da mulher, essas mudanças se fazem necessárias para que haja um desenvolvimento adequado do feto durante todo período gestacional.A soma das alterações hormonais, biomecânicas e o ganho de peso corporal, juntamente com a capacidade de distribuição desse peso, é um importante fator para a determinação da estabilidade postural da grávida. As camisetas posturais possuem inúmeros benefícios comprovados, que podem melhorar as dores posturais causadas pelo período gestacional.
A gestação é um período onde ocorrem diversas alterações fisiológicas no corpo da mulher, essas mudanças se fazem necessárias para que haja um desenvolvimento adequado do feto durante todo período gestacional (ZAKARIA, AL-RUMAIHI et al; 2022).
As primeiras mudanças que ocorrem no corpo da mulher grávida são o aumento do tamanho e posição do coração, isso ocorre devido à uma hipertrofia e aumento do tamanho das câmaras cardíacas, neste período inicial, a frequência cardíaca começa a se elevar, atingindo seu pico no terceiro trimestre gestacional. No segundo mês de gestação há um aumento de até 40% do débito cardíaco, esse aumento ocorre em conjunto com a frequência cardíaca e com volume sistólico (ZAKARIA, AL-RUMAIHI et al; 2022).
A resistência vascular periférica reduz a partir do segundo mês devido ao aumento de ação hormonal das prostaciclinas essa redução faz com que aumente o fluxo sanguíneo renal e uterino, melhorando assim, a oxigenação fetal (PILLAY, PRET et al; 2016).
Nas alterações respiratórias, há um aumento do volume corrente (VC) de até 50%, devido à um aumento de ação da progesterona, o volume minuto aumenta também devido à alteração do VC. Ocorre um aumento do consumo de O2devido à necessidade placentária e do feto, porém há uma maior eliminação de CO2, gerando como consequência uma alcalose respiratória (SILVA; MARQUES et al; 2019).
O volume de reserva expiratório e a capacidade residual funcional (CRF) também se encontram alterados, com uma redução de 15% por conta da compressão pulmonar que ocorre ao final do período gestacional. Pode ocorrer edema de mucosa causado pela dilatação dos vasos da mucosa das vias respiratórias superiores, além disso, devido à maior compressão da caixa torácica, pode haver dispneia fisiológica causadapelo aumento do trabalho respiratório durante o período gestacional (SILVA; MARQUES et al; 2019).
A soma das alterações hormonais, biomecânicas e o ganho de peso corporal, juntamente com a capacidade de distribuição desse peso, é um importante fator para a determinação da esta bilidade postural da grávida.
A estabilometria é uma ferramenta de estudo do controle postural que permite, por meio de grandezas biomecânicas, como o centro de massa (CoM) e o centro de pressão (CoP), registrar as oscilações do corpo humano. O CoM representa um ponto sobre o qual toda a massa de um objeto está igualmente distribuída, e a partir deste, o estudo da sua trajetória permite mensurar o balanço postural, que é a oscilação natural que o corpo apresenta quando está na postura ortostática. O CoP é a projeção do CoM na base de sustentação e resulta da interação das forças de reação do solo (FRS) com o apoio do corpo com o chão.
Estudos mostram a presença de perturbações do equilíbrio postural da grávida, haja vista o deslocamento natural do CoM, pelo aumento do peso corporal, da circunferência abdominal1e pela distribuição assimétrica do peso. No entanto, elas desenvolvem estratégias para a manutenção da postura ortostática11(B).
No estudo de Oliveira et al., não houve mudança significativa na base de suporte das grávidas entre o primeiro e o terceiro trimestre, mas demonstram alteração do deslocamento anteroposterior do CoP, na posição ortostática, durante o desenvolvimento do período gestacional, assim como foi observado por Jang et al.12(B), o aumento da instabilidade postural na direção anteroposterior quando comparado ao grupo controle (não grávidas) com as grávidas do estudo. Já Dumas et al.13, em seu estudo com 65 grávidas, observaram o aumento da base de suporte no final da gravidez. Butler et al.14avaliaram as oscilações do CoP por meio de uma plataforma de força e verificaram uma diminuição do equilíbrio postural das grávidas no segundo e terceiro trimestres, quando comparado ao grupo controle (não grávidas). Além disso, observaram que os estímulos visuais são importantes para a manutenção do balanço postural durante a gravidez, visto que, durante os testes com os olhos fechados, as gestantes apresentavam maiores oscilações, porém, não conseguiram correlacionar a alteração do balanço postural ao ganho de peso durante a gravidez. As divergências entre os resultados de alguns estudos podem ser justificadas pela individualidade de adaptação de cada grávida às mudanças ocorridas na gravidez e por suas características posturais prévias.
Dentre as desordens musculoesqueléticas comuns na gravidez, a mais reportada na literatura é a dor nas costas, com ênfase nas dores lombares e pélvicas, pois, em média, 50% da população de grávidas apresentam esses sintomas. As dores nas costas relatadas por essa população se caracterizam por dores lombares e na região das articulações sacroilíacas, que podem ter irradiação do sintoma para face posterior das coxas e serem intensificadas durante a marcha. Estudos evidenciam que não são apenas as alterações posturais que causam esses sintomas, mas sim um conjunto de mudanças comuns no organismo da grávida, como: a instabilidade articular, o ganho de peso, principalmente na região abdominal e o aumento do estresse mecânico sobre os músculos da coluna e do quadril, e outros fatores como idade materna avançada, sucessivos partos, presença de dor na coluna previamente à gravidez, obstrução de grandes vasos e história de espondilolistese, também podem contribuir para o aparecimento do quadro álgico.. O aumento da fatigabilidade dos músculos da coluna é um dos fatores em destaque na literatura atual, pois pode estar associado ao aparecimento do quadro álgico.. Durante a gravidez, é comum o aumento gradual da sobrecarga sobre os músculos flexores e extensores da coluna e dos extensores do quadril17(B), e as adaptações desses músculos podem ser insuficientes para a estabilização das articullações sacroilíacas e da coluna lombar durante o desenvolvimento deste período.
No estudo de Sihvonen et al.15(B), com 32 gestantes, foi observada uma correlação positiva significativa entre intensidade da dor lombar e nível de ativação dos músculos paraespinhais da coluna lombar no primeiro trimestre gestacional. Gutke et al. também observaram que os músculos flexores e extensores da coluna das grávidas com dor pélvica ou dor pélvica associada à dor lombar apresentavam menor resistência à fadiga quando comparados às mulheres sem quadro de dor. Entretanto, Dumas et al.18 não comprovaram que o aumento da fatigabilidade dos principais músculos extensores da coluna possa ser um fator preditivo para o surgimento de dores nas costas durante a gravidez, muito embora tenham observado que a dor modifica a sinergia e os padrões de coativação desses músculos.
Existem métodos que contribuem para o alívio da dor lombar sem o uso de fármacos durante a gravidez, envolvendo desde hábitos de vida saudável, como a prática de atividade física, até o tratamento fisioterapêutico, a fim de ajudar na manutenção da postura da coluna vertebral e promover adaptações biomecânicas mais eficientes ao longo da gravidez.
Segundo alguns estudos, a atividade física contribui para o alívio da dor lombar, pois exercícios moderados e executados regularmente podem auxiliar no restabelecimento da consciência corporal, na adaptação à nova postura e melhorar a resistência e a flexibilidade muscular, reduzindo assim a sobrecarga sobre os músculos lombares a qual é gerada pela hiperlordose lombar comum na gravidez. A atividade física durante a gravidez diminui o risco de lesões e melhora a habilidade motora durante o próprio exercício e nas atividades de vida e de traballho diários. Garshasbi e Zadeh, em seu estudo, observaram que um programa de exercícios que envolve caminhada leve, alongamentos e exercícios específicos para a grávida contribuiu para uma diminuição significativa da intensidade da dor lombar quando comparado com o grupo controle, composto por grávidas que não executaram os exercícios físicos. No estudo de Martins e Silva 21, também foi observado que grávidas submetidas a exercícios utilizando um método de alongamento (Stretching Global Ativo) apresentaram diminuição ou até mesmo ausência dos desconfortos lombares.
Os efeitos dos exercícios aeróbicos leves que ajudam no controle do ganho de peso, assim como exercícios aquáticos que diminuem o impacto sobre as articulações, além de causar um efeito de relaxamento pelas propriedades da água, também têm sido estudados durante a gravidez. Granath et al.22 observaram que as grávidas submetidas a um programa de exercícios aquáticos apresentaram melhora significativa da dor lombar. Outros estudos também têm observado a influência positiva de modalidades de exercícios como Pilates e Yoga, que propiciam o reequilíbrio muscular, a melhora da consciência corporal, da respiração e da sensação de bem-estar.
Além da atividade física, a acupuntura e a fisioterapia clássica, que são modalidades efetivas de tratamento, também atuam na prevenção e no alívio dos sintomas álgicos lombares e pélvicos. A acupuntura usa da inserção de agulhas na pele para o estímulo da liberação de substâncias analgésicas e anti-inflamatórias, produzidas pelo próprio organismo, propiciando o alívio da dor. Na fisioterapia, as condutas terapêuticas abordam tanto o trabalho preventivo com a grávida, como a preparação para o parto e o pós-parto, quanto tratamentos com a cinesioterapia, hidroterapia, reeducação postural, terapias manuais e recursos analgésicos para o controle das dores referidas nos segmentos lombares e pélvicos.
As camisetas posturais possuem inúmeros benefícios comprovados, que podem melhorar as dores posturais causadas pelo período gestacional. A tecnologia das neurobands funcionam como uma forma de corrigir a postura sem uso dos kinesiotapes, fazendo com que haja melhora d fluxo sanguíneo, diminuição de dor, melhora do padrão respiratório é melhor na qualidade de vida da gestante, sendo de extrema importância o uso diário.
PILLAY, PRET, FRCP, FRCOG, TOLPPANEN,MEBAZAA, HELI, TOLPPANEN, MEBAZAA; Alterações fisiológicas na gravidez; Cardiovascular Journal Of America; 2016.
SOARES, GUIDA, PACAGNELLA, SOUZA, PARPINELLI, HADDAD, CECATTI; Uso de unidade de terapia intensiva em mulheres com morbidade materna grave: resultados de um estudo nacional multicêntrico; Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia; 2020.
MUSHAMBI, M POPAT, SWALES, RAMASWAMY, WINTON, QUINN; Diretrizes da Obstetric Anesthetists' Association e da Difficult Airway Society para o manejo da intubação traqueal difícil e com falha em obstetrícia; PubMed; 2015.
ZAKARIA, AL-RUMAIHI et al; Alterações fisiológicas e interações entre o microbioma e o hospedeiro durante a gravidez; National Library of Medicine; 2022.
SCHWAIBERGER, KARCZ, MENK, PAPADAKOS, DANTONI; Respiratory Failure and Mechanical Ventilation in the Pregnant Patient David; Critical Care Clinic; 2015.
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